A sociedade da imagem e da auto-imagem, um tema que, apesar de não ser diretamente discutido entre as pessoas que formam a sociedade atual, a afeta constantemente. Convidamos, então, a psicopedagoga Denise Dib para uma entrevista sobre o tema, que nos recebeu de braços abertos.
Qual a sua opinião sobre o tema: “A Sociedade da Imagem e da Auto-imagem”? Em minha opinião a questão da imagem na sociedade atual faz parte de um contexto, não se tratando de uma questão isolada. Acho que é a mistura da sociedade do “não dá tempo” com a sociedade do “vale quanto pesa”. Ou seja, cada vez investimos menos tempo em questões subjetivas e necessárias à formação das pessoas e aliado a isso somos bombardeados incessantemente por mensagens consumistas que estimulam o descarte e a superficialidade. Um dos resultados desta mistura que se percebe facilmente é valorização exagerada do “BELO” que tem interferido diretamente na auto-imagem das pessoas.
Psicologicamente falando, o que significa a obsessão das pessoas com relação às suas imagens diante da sociedade? O bombardeio de mensagens onde o sucesso está diretamente ligado a beleza vai reforçando a crença de que para ter sucesso é necessário corresponder a um padrão de beleza onde nada menos do que o perfeito é aceito. Ter sucesso normalmente significa ser aceito e/ou reconhecido e todos nós precisamos destas duas coisas em algum nível.
Não há problemas em gostar de si, querer se sentir bonito, cuidar da sua imagem, ou seja, ter uma boa auto-estima e conseqüentemente uma auto-imagem que construa a segurança necessária para o indivíduo viver em sociedade. O problema aparece quando a construção da auto-estima está centrada em padrões exclusivamente de ordem estética, pois ter a auto-estima estruturada deve passar também pelos valores e sentimentos positivos que precisamos reconhecer em nós mesmos. A obsessão pela imagem então passa a ter um significado ligado exclusivamente à estética.
Ainda falando sobre tal obsessão, a partir de que ponto ela passa a ser prejudicial para as pessoas? Toda e qualquer obsessão é prejudicial às pessoas, pois foge à normalidade e faz com que o indivíduo passe a viver em função de algo, exclusivamente, canalizando toda sua energia para um único foco e, consequentemente, deixando de experimentar as demais situações importantes para sua vida.
A mídia influencia muito este quesito de imagem e auto-imagem. Em sua opinião, como essa influência afeta o psicológico, principalmente, dos jovens hoje em dia? A mídia sobrevive dos anunciantes e consequentemente está a serviço do consumo e isso não significa dizer que não existam veículos de comunicação éticos ou sérios. Acredito que a influência direta resida no estímulo ao consumo exagerado, ou seja, consumir além do que se necessita, gerando cada vez mais uma sociedade descartável e superficial. Acho que isso afeta o psicológico dos jovens, pois o reforço à superficialidade e ao descartável estimula a valorização do que é apenas estético, perfeito, consumível pelo que se vê. É a valorização do ter em detrimento do ser.
Quanto à padronização da imagem, apoiada de certa forma pela mídia, é possível dizer que a sociedade se desenvolveria melhor se ela não existisse? Não vejo a padronização como algo negativo na sociedade, uma vez que em alguns ambientes ela é inclusive necessária. Acho apenas que o padrão que esmaga a individualidade e exclui indivíduos desta sociedade é perverso e adoece pessoas.
Qual a sua opinião sobre o padrão de beleza imposto sobre a sociedade atualmente? Não vejo muito como opinar sobre o padrão de beleza imposto sobre a sociedade atualmente. Pessoalmente não vejo como algo belo, pois acho a magreza excessiva feia.
Em sua opinião, o que levou a sociedade a atingir o atual estado em que ela está agora, com relação à imagem e à auto-imagem? Vivemos numa era onde a “PRESSA” comanda tudo. A velocidade das informações é instantânea no planeta, a valorização da estética, do superficial, do externo é grande e a prática virtual impera. Estes fatores, entre outros, contribuem para que as pessoas e as famílias em especial não aprofundem questões mais importantes e subjetivas que tratem de valores, sentimentos e conduta, adotando posturas que valorizem o rápido, o descartável, o superficial. Aí é que a auto-imagem fica comprometida, pois a sociedade consumista e apressada gera indivíduos superficiais, sem senso crítico e extremamente vulneráveis aos valores de terceiros.
Algumas doenças são resultado da busca das pessoas pelo o que elas acreditam ser o “ideal de beleza”. Você poderia descrever algumas delas? Posso citar a bulimia, anorexia e outros distúrbios alimentares que apresentam ligação direta com a magreza, padrão extremamente valorizado atualmente. Ambos residem no fato de não se alimentar de forma adequada, deixando de ingerir ou rejeitando o que for ingerido pelo organismo.
Se a sociedade continuar apegada a esse padrão de beleza, o que você acredita que possa acontecer no futuro? Os padrões de beleza sempre existiram em toda a história da humanidade e em cada cultura específica. O problema reside no exagero, na alienação, no comprometimento da saúde, na exclusão dos que não seguem o padrão. Temo pelo futuro, mas não em função do padrão atual, mas em função da falta de senso crítico e da irresponsabilidade, pois se o padrão passar a ser outro o risco é o mesmo, pois as pessoas continuarão fazendo absurdos para atingi-lo
Você acha que ainda existe salvação para a sociedade atual? Por quê? Não acredito que a nossa sociedade esteja perdida, no sentido de não ter mais salvação, mas sim no sentido de estar sem norte, sem alicerce, sem base. Isso sim que precisa ser reconstruído, resgatado.
Quais, em sua opinião, são as atitudes que devem ser tomadas com maior urgência para ao menos amenizar o atual estado da sociedade? Estarmos atentos aos nossos valores e ao que ensinamos aos nossos filhos é a principal de todas.
Por fim, o que você acha que a humanidade, como um todo, deva fazer para resolver este problema? Acho que a humanidade precisa se voltar para o verdadeiro sentido da vida. Voltar a valorizar o ser e não o ter, colocar o relógio a seu serviço e não ser escravo dele, pensar que o amanhã é sempre futuro e que deixamos de viver o presente em função dele... Acho que isso já é um bom começo!
Qual a sua opinião sobre o tema: “A Sociedade da Imagem e da Auto-imagem”? Em minha opinião a questão da imagem na sociedade atual faz parte de um contexto, não se tratando de uma questão isolada. Acho que é a mistura da sociedade do “não dá tempo” com a sociedade do “vale quanto pesa”. Ou seja, cada vez investimos menos tempo em questões subjetivas e necessárias à formação das pessoas e aliado a isso somos bombardeados incessantemente por mensagens consumistas que estimulam o descarte e a superficialidade. Um dos resultados desta mistura que se percebe facilmente é valorização exagerada do “BELO” que tem interferido diretamente na auto-imagem das pessoas.
Psicologicamente falando, o que significa a obsessão das pessoas com relação às suas imagens diante da sociedade? O bombardeio de mensagens onde o sucesso está diretamente ligado a beleza vai reforçando a crença de que para ter sucesso é necessário corresponder a um padrão de beleza onde nada menos do que o perfeito é aceito. Ter sucesso normalmente significa ser aceito e/ou reconhecido e todos nós precisamos destas duas coisas em algum nível.
Não há problemas em gostar de si, querer se sentir bonito, cuidar da sua imagem, ou seja, ter uma boa auto-estima e conseqüentemente uma auto-imagem que construa a segurança necessária para o indivíduo viver em sociedade. O problema aparece quando a construção da auto-estima está centrada em padrões exclusivamente de ordem estética, pois ter a auto-estima estruturada deve passar também pelos valores e sentimentos positivos que precisamos reconhecer em nós mesmos. A obsessão pela imagem então passa a ter um significado ligado exclusivamente à estética.
Ainda falando sobre tal obsessão, a partir de que ponto ela passa a ser prejudicial para as pessoas? Toda e qualquer obsessão é prejudicial às pessoas, pois foge à normalidade e faz com que o indivíduo passe a viver em função de algo, exclusivamente, canalizando toda sua energia para um único foco e, consequentemente, deixando de experimentar as demais situações importantes para sua vida.
A mídia influencia muito este quesito de imagem e auto-imagem. Em sua opinião, como essa influência afeta o psicológico, principalmente, dos jovens hoje em dia? A mídia sobrevive dos anunciantes e consequentemente está a serviço do consumo e isso não significa dizer que não existam veículos de comunicação éticos ou sérios. Acredito que a influência direta resida no estímulo ao consumo exagerado, ou seja, consumir além do que se necessita, gerando cada vez mais uma sociedade descartável e superficial. Acho que isso afeta o psicológico dos jovens, pois o reforço à superficialidade e ao descartável estimula a valorização do que é apenas estético, perfeito, consumível pelo que se vê. É a valorização do ter em detrimento do ser.
Quanto à padronização da imagem, apoiada de certa forma pela mídia, é possível dizer que a sociedade se desenvolveria melhor se ela não existisse? Não vejo a padronização como algo negativo na sociedade, uma vez que em alguns ambientes ela é inclusive necessária. Acho apenas que o padrão que esmaga a individualidade e exclui indivíduos desta sociedade é perverso e adoece pessoas.
Qual a sua opinião sobre o padrão de beleza imposto sobre a sociedade atualmente? Não vejo muito como opinar sobre o padrão de beleza imposto sobre a sociedade atualmente. Pessoalmente não vejo como algo belo, pois acho a magreza excessiva feia.
Em sua opinião, o que levou a sociedade a atingir o atual estado em que ela está agora, com relação à imagem e à auto-imagem? Vivemos numa era onde a “PRESSA” comanda tudo. A velocidade das informações é instantânea no planeta, a valorização da estética, do superficial, do externo é grande e a prática virtual impera. Estes fatores, entre outros, contribuem para que as pessoas e as famílias em especial não aprofundem questões mais importantes e subjetivas que tratem de valores, sentimentos e conduta, adotando posturas que valorizem o rápido, o descartável, o superficial. Aí é que a auto-imagem fica comprometida, pois a sociedade consumista e apressada gera indivíduos superficiais, sem senso crítico e extremamente vulneráveis aos valores de terceiros.
Algumas doenças são resultado da busca das pessoas pelo o que elas acreditam ser o “ideal de beleza”. Você poderia descrever algumas delas? Posso citar a bulimia, anorexia e outros distúrbios alimentares que apresentam ligação direta com a magreza, padrão extremamente valorizado atualmente. Ambos residem no fato de não se alimentar de forma adequada, deixando de ingerir ou rejeitando o que for ingerido pelo organismo.
Se a sociedade continuar apegada a esse padrão de beleza, o que você acredita que possa acontecer no futuro? Os padrões de beleza sempre existiram em toda a história da humanidade e em cada cultura específica. O problema reside no exagero, na alienação, no comprometimento da saúde, na exclusão dos que não seguem o padrão. Temo pelo futuro, mas não em função do padrão atual, mas em função da falta de senso crítico e da irresponsabilidade, pois se o padrão passar a ser outro o risco é o mesmo, pois as pessoas continuarão fazendo absurdos para atingi-lo
Você acha que ainda existe salvação para a sociedade atual? Por quê? Não acredito que a nossa sociedade esteja perdida, no sentido de não ter mais salvação, mas sim no sentido de estar sem norte, sem alicerce, sem base. Isso sim que precisa ser reconstruído, resgatado.
Quais, em sua opinião, são as atitudes que devem ser tomadas com maior urgência para ao menos amenizar o atual estado da sociedade? Estarmos atentos aos nossos valores e ao que ensinamos aos nossos filhos é a principal de todas.
Por fim, o que você acha que a humanidade, como um todo, deva fazer para resolver este problema? Acho que a humanidade precisa se voltar para o verdadeiro sentido da vida. Voltar a valorizar o ser e não o ter, colocar o relógio a seu serviço e não ser escravo dele, pensar que o amanhã é sempre futuro e que deixamos de viver o presente em função dele... Acho que isso já é um bom começo!

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